Reportagem 2005
Bruna Marquezine aconteceu aos oito anos como a órfã Salete de Mulheres
Apaixonadas e agora volta a repetir a performance como a cega Flor de
América
Na quinta-feira 26, feriado de Corpus Christi, o ator Ney Latorraca passeava
pela Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, praticando sua tradicional caminhada.
Cruzou e não viu uma colega de profissão. Bruna Marquezine atravessou a pista de
cooper em direção aos pedalinhos da Lagoa. Foi o chamariz do local. Os 40 anos
de carreira de Ney Latorraca se viram, repentinamente, ofuscados pela presença
de uma menina de 9 anos que só agora soma uma segunda novela ao currículo. Bruna
se viu rodeada por uma garota que queria tirar uma foto ao seu lado, por um
senhor que fez questão de beijá-la, pelo segurança que ansiava por um autógrafo
para a filha Daiane. “E como eu escrevo Daiane?”, perguntou Bruna. “Com i ou com
y?”
É só um exemplo da delicadeza com que lida com as pessoas ao redor. Bruna
atua na novela e na vida real como uma veterana. Comoveu o Brasil no papel da
órfã chorosa Salete, de Mulheres Apaixonadas, e volta a emocionar como
a cega Flor de América. O convite de Glória Perez gerou apreensão.
“Falei para os diretores: ‘Quero fazer’. E ao mesmo tempo falei para mim mesma:
‘Será que consigo?’.” A atriz Paula Burlamaqui, que interpreta sua mãe na
novela, diz que o convívio com ela é um aprendizado diário. “Digo a Bruna que
ela parece um E.T. Não é desse mundo”, elogia. Antes de chegar às novelas, ela
fazia comerciais. O diretor Ricardo Waddington viu uma das fitas de Bruna e lhe
abriu as portas da Globo.
Para personificar com detalhismo o universo de uma menina cega, ela
freqüentou o Instituto Benjamin Constant, entidade carioca para educação de
cegos, e conviveu com deficientes visuais. “Acredito que Flor ensina às pessoas
que cegos são gente como a gente, que podem ser nossos amigos e sabem brincar”,
reflete.
As observações de Bruna são assim, adornadas com uma maturidade
precoce, de quem sabe o que quer. “Sou e serei sempre uma atriz. É o que quero e
gosto de fazer.” Não deixa de estudar. Cursa a 4ª série do ensino fundamental no
Colégio Cruzeiro em Jacarepaguá. Adora história e odeia matemática. O aparelho
de som toca rock e hip hop. “Adoro Avril Lavigne.” É magrinha, mas não passa
fome. Come feijão, arroz, carne e macarrão. “E McDonald’s,”, acrescenta Neide, a
mãe. Bruna sorri. “É... e McDonald’s, sorvete, batata frita...” A participação
em América provocou uma mudança radical no ambiente familiar. Neide e
Telmo – ela dedicada à carreira da filha; ele, marceneiro – mais a caçula Luana,
de dois anos, tiveram de fechar a casa onde moravam em Caxias, na Baixada
Fluminense, para viver em um apartamento na Barra da Tijuca, cedido pela Globo,
durarante a novela. Uma vez por semana, Neide volta a Caxias para conferir se
está tudo em ordem. É para lá que Bruna voltará quando América sair do
ar e a febre de mais essa personagem passar.
Fonte>istoégente
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